As
teorias da socialização e do papel do género têm sido alvo de críticas por
parte de um número cada vez maior de sociólogos. Em vez de considerarem o sexo
como um facto determinado biologicamente e o género como um facto aprendido
culturalmente, afirmam que se deveria considerar tanto o sexo como o género
enquanto produtos construídos socialmente. Não só o género é uma criação
puramente ao qual falta uma essência dominante, mas próprio corpo humano está
sujeito às forças sociais que o moldam e o alteram de várias maneiras. É
possível atribuir aos nossos corpos significados que desfiam o que é geralmente
considerado como “natural”. Os indivíduos poderão optar por construir ou
reconstruir os seus corpos conforme a sua vontade, recorrendo desde a atividade
física, à dieta, ao piercing e ao
estilo pessoal, até à cirurgia plástica e às operações de mudança de sexo. A
tecnologia estará a dissipar os limites dos nossos corpos. Assim, argumentam, o
corpo humano e a biologia não são dados adquiridos, mas estão sujeitos à ação
humana e à escolha pessoal em contextos sociais diferentes.
Nesta
perspetiva, os autores que centram a sua abordagem nos papéis de género e na
sua aprendizagem aceitam implicitamente a existência de uma base biológica nas
diferenças de género. Na abordagem centrada na socialização, uma distinção
biológica entre os sexos fornece um enquadramento que será “culturalmente
desenvolvido” na própria sociedade. Em contrapartida, os teóricos que defendem
a construção social do sexo e do género rejeitam a existência de qualquer base
biológica nas diferenças de género. As identidades do género surgem, assim
afirmam, relacionadas na sociedade e, por sua vez, ajudam a moldar essas mesmas
diferenças.
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