segunda-feira, 6 de maio de 2013

Género e biologia: diferença natural


          As diferenças no comportamento dos homens e das mulheres provêm do sexo, em vez do género? Por outras palavras, até que o ponto são o resultado de diferenças biológicas? Alguns autores defendem que os aspetos da biologia humana, das hormonas aos cromossomas, do tamanho do cérebro à genética, são responsáveis pelas diferenças congénitas no comportamento entre homens e mulheres. Estas diferenças, afirmam, são visíveis em todas as culturas, o que implica que os fatores naturais são responsáveis pelas desigualdades entre os géneros que caracterizam a maior parte das sociedades. Estes investigadores irão provavelmente concentrar-se no facto de, por exemplo, em quase todas as culturas, os homens participarem na caça e na guerra, e não as mulheres. Será que este facto, afirmam, não indica que os homens possuem tendências biológicas para a agressão que faltam às mulheres?
Muitos investigadores não se dêem convencer com este argumento. O nível de agressividade dos homens, dizem, varia bastante de cultura para cultura, e em algumas culturas espera-se que as mulheres sejam mais passivas ou dóceis em algumas culturas do que noutras. Como os seus críticos sublinham, as teorias da “diferença natural” fundamentam-se muitas vezes em estudos sobre o comportamento animal, em vez de partirem dos indícios antropológicos e históricos sobre o comportamento humano, o qual varia no tempo e no espaço. Alem disso, acrescentam, o facto de uma característica ser mais ou menos universal, não significa que seja de origem biológica, poderão existir fatores culturais generalizados que originem estas características. Por exemplo, na maior parte das culturas, a maioria das mulheres passa uma parte significativa das suas vidas a cuidar dos filhos e não estariam preparadas para participar rapidamente na caça ou na guerra.
Embora não seja possível rejeitar liminarmente a hipótese dos factores biológicos determinarem padrões de comportamento nos homens e nas mulheres, a investigação de quase um século para identificar as origens fisiológicas de tal influência não teve sucesso. Não há provas dos mecanismos que iriam associar complexos dos homens e das mulheres. As teorias que vêm os indivíduos a agir de acordo com uma espécie de predisposição inata descuram o papel vital da interação social na formação do comportamento humano.

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