As
diferenças no comportamento dos homens e das mulheres provêm do sexo, em vez do
género? Por outras palavras, até que o ponto são o resultado de diferenças
biológicas? Alguns autores defendem que os aspetos da biologia humana, das
hormonas aos cromossomas, do tamanho do cérebro à genética, são responsáveis
pelas diferenças congénitas no comportamento entre homens e mulheres. Estas
diferenças, afirmam, são visíveis em todas as culturas, o que implica que os
fatores naturais são responsáveis pelas desigualdades entre os géneros que
caracterizam a maior parte das sociedades. Estes investigadores irão
provavelmente concentrar-se no facto de, por exemplo, em quase todas as
culturas, os homens participarem na caça e na guerra, e não as mulheres. Será
que este facto, afirmam, não indica que os homens possuem tendências biológicas
para a agressão que faltam às mulheres?
Muitos
investigadores não se dêem convencer com este argumento. O nível de
agressividade dos homens, dizem, varia bastante de cultura para cultura, e em
algumas culturas espera-se que as mulheres sejam mais passivas ou dóceis em
algumas culturas do que noutras. Como os seus críticos sublinham, as teorias da
“diferença natural” fundamentam-se muitas vezes em estudos sobre o
comportamento animal, em vez de partirem dos indícios antropológicos e
históricos sobre o comportamento humano, o qual varia no tempo e no espaço.
Alem disso, acrescentam, o facto de uma característica ser mais ou menos
universal, não significa que seja de origem biológica, poderão existir fatores
culturais generalizados que originem estas características. Por exemplo, na
maior parte das culturas, a maioria das mulheres passa uma parte significativa
das suas vidas a cuidar dos filhos e não estariam preparadas para participar
rapidamente na caça ou na guerra.
Embora
não seja possível rejeitar liminarmente a hipótese dos factores biológicos
determinarem padrões de comportamento nos homens e nas mulheres, a investigação
de quase um século para identificar as origens fisiológicas de tal influência
não teve sucesso. Não há provas dos mecanismos que iriam associar complexos dos
homens e das mulheres. As teorias que vêm os indivíduos a agir de acordo com
uma espécie de predisposição inata descuram o papel vital da interação social
na formação do comportamento humano.
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