terça-feira, 7 de maio de 2013

Socialização de Género


            Para compreender as origens das diferenças de género é o do estudo da socialização de género, a aprendizagem dos papéis de género com o apoio dos agentes sociais, tais como a família e os meios de comunicação. Esta abordagem estabelece uma distinção entre o sexo biológico e género social. As crianças, através do contacto com diversos agentes de socialização, primários e secundários, interiorizam progressivamente as normas e expetativas sociais que correspondem ao seu sexo. As diferenças de género não são determinadas biologicamente, mas geradas culturalmente. Neste sentido, existem desigualdades de género, pois os homens e as mulheres são socializados em papéis diferentes.
            Os funcionalistas têm favorecido as teorias da socialização do género, pois vêm os rapazes e as raparigas como aprendizes dos “papéis sexuais” e das identidades masculina e feminina, masculinidade e feminilidade, que os acompanham. Rapazes e raparigas são guiados neste processo por sanções positivas e negativas, forças socialmente aplicadas que recompensam ou restringem o comportamento. Um rapaz poderá ser positivamente sancionado no seu comportamento, por exemplo, “És um menino muito corajoso!” ou receber uma sanção negativa “Os meninos não brincam com bonecas”. Estes acompanhamentos positivos e negativos ajudam os rapazes e raparigas na aprendizagem dos papéis sexuais que se espera virem a desempenhar e a conformarem-se com eles. Se um individuo desenvolve práticas de género que não correspondem ao seu sexo biológico, isto é, comportamentos desviantes, procura-se a explicação numa socialização inadequada ou irregular. Segundo esta perspetiva funcionalista, os agentes de socialização contribuem para a manutenção da ordem social ao supervisionar a socialização natural do género nas novas gerações.
            Esta interpretação rígida dos papéis sexuais e da socialização tem sido alvo de críticas em muitos aspetos. Muitos autores afirmam que a socialização do género não é um processo inerentemente harmonioso; diferentes agentes como a família, a escola e o grupo de amigos, poderão entrar em conflito entre si. Além disso, as teorias da socialização ignoram a capacidade dos indivíduos para rejeitar, ou modificar, as expetativas sociais que envolvem os papéis sexuais.
É importante lembrar que os seres humano não são objetos passivos ou recetores inquestionáveis de uma “programação” do género, como alguns sociólogos sugeriram. As pessoas são agentes ativos que criam e modoficam papéis para si mesmas. Embora seja necessário algum cepticismo relativamente a qualquer adoção na globalidade da teoria dos papéis sexuais, muitos estudos revelam que as identidades do género são, em certa medida, fruto das influências sociais.
As influências sociais na identidade de género fluem de canais muito diversificados; até os pais que se dedicaram a educar os filhos de uma forma “não sexista” consideram difícil combater os padrões existentes de aprendizagem do género. Os estudos sobre a interação progenitor-criança revelaram, por exemplo, diferenças distintas no tratamento dos rapazes e das raparigas, mesmo quando os pais acreditam ter a mesma reacção com ambos. Os brinquedos, os livros ilustrados e os programas de televisão para crianças tendem a destacar as diferenças entre os atributos masculinos e femininos. Embora a situação esteja, de certa forma, a mudar, geralmente as personagens masculinas excedem em número as femininas na maior parte da leitura infantil, contos de fadas, programas de televisão e filmes. As personagens masculinas tendem a desempenhar papéis mais ativos e aventureiros, enquanto as femininas são representadas como figuras passivas, expectantes e orientadas para as atividades domésticas.
A socialização do género é evidentemente muito forte e desafiá-la pode ser incómodo. Uma vez “conferido” um género, a sociedade espera que os indivíduos desempenhem a sua função como “homens” e “mulheres”. É no quotidiano que estas expetativas se cumprem e se reproduzem.

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